segunda-feira, 28 de março de 2011

Para pessoas com Sindrome de Down, trabalhar vai além de ter um salário, é ter dignidade

Sílvia Perretti, Mônica Ribeiro e Paulo Policastri, além da síndrome de Down, têm algo em comum: o orgulho de trabalhar e ter a carteira de trabalho assinada. O que para muitos pode significar somente a garantia de direitos, para eles é uma atitude de inclusão social.

Sílvia tem 34 anos de idade, e há um ano conquistou o seu primeiro emprego na sede do restaurante GRSA. De segunda a sexta-feira ela vai ao trabalho, após a escola, e começa a sua jornada de quatro horas. Sua função é manter o local organizado, como repor guardanapo, azeite, limpar o balcão, onde é servido o almoço.
Quando começou a trabalhar, Sílvia ampliou o convívio social. “Eu me senti leve, fiquei feliz porque conheci várias pessoas”. As atividades que ela mais gosta de fazer é colocar os guardanapos na mesa. Pela sua simpatia passou a ser conhecida por todos da empresa e fez novos amigos. Sílvia diz que seus planos futuros é conhecer mais pessoas e continuar trabalhando.
A primeira preocupação das corporações em contratarem pessoas com deficiência é cumprir a Lei de Cotas, existente desde 1991, que obriga as empresas com mais de 100 funcionários a contratar esse grupo de trabalhadores, e caso isso seja desrespeitado é aplicado uma multa. Mas com trabalho de conscientização, essa obrigação passa a ser assumida como responsabilidade social.
Mariana Cosio é gerente do restaurante e gestora de Sílvia. Ela diz que receber uma pessoa com síndrome de Down cria novas experiências. Antes de Sílvia chegar à empresa, a Associação para o Desenvolvimento Integral do Down (ADID) fez um trabalho de sensibilização com os funcionários, esclarecendo sobre o que é essa síndrome, suas características e orientações gerais. A preparação envolveu todos os setores da empresa.
A gerente comenta que no início existiram algumas dificuldades, como a falta de atenção de Sílvia, pois ela queria ajudar todos ao mesmo tempo, ficava ansiosa e acabava por cometer alguns erros, como passar por debaixo das bandejas dos clientes. Para corrigi-la, Mariana chamou o técnico de segurança que explicou à Sílvia as normas que deveria seguir, claro que com cuidado e usando uma forma que a fizesse entender. Além das orientações de outros profissionais, Gisele Gasparotto, psicopedagoga da área de Empregabilidade da ADID, acompanha quinzenalmente o ambiente e o trabalho de Sílvia. Gisele recebe as observações da empresa e faz um feedback, o que é muito produtivo para Sílvia, pois ela recebe a mesma informação, às vezes, por três pessoas diferentes, podendo assim fixar melhor.
De acordo com Mariana, a jovem teve um desenvolvimento no convívio em sociedade. “Para se ter uma ideia, um dia Sílvia precisava faltar e sua mãe me disse que ela estava muito preocupada, porque com sua ausência sobrecarregaria os outros colegas. Isso para mim foi emocionante, pois ela entende que faz parte da equipe”.
De maneira didática algumas atribuições de atividades são feitas para Sílvia, como cada número do relógio do restaurante tem uma cor, ela associa as cores à função que deve fazer naquele momento e isso desenvolveu sua percepção. Com o convívio de Sílvia, Mariana aprendeu, como profissional, a ter mais paciência e “viver o hoje”, e no âmbito pessoal, ela passou a valorizar e reconhecer que pessoas com deficiência intelectual são capazes de desempenhar atividades que antes duvidava.

Fonte: http://revistasentidos.uol.com.br/inclusao-social/55/eu-trabalho-para-pessoas-com-sindrome-de-down-trabalhar-vai-156514-1.asp

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