segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Lá vai dona Dorina

FONTE - http://assimcomovoce.folha.blog.uol.com.br/arch2010-08-01_2010-08-31.html

Desde menino miudinho ouvia falar de dona Dorina Nowill. Ela, infinitamente mais
sabida que eu, começou o trabalho de “dominação do mundo” há muitos anos,
criando uma frente de batalha fortíssima que exigia e lutava pela formação e
direitos do povo cego e demais “
matrixianos”.


Quando eu já era mais grandinho e conseguia entender melhor o que acontecia ao
meu redor, vi de perto a grandeza do trabalho da


Fundação

de dona Dorina: fiquei besta de ver o que ela foi capaz de fazer por aqueles que
não podem ver.

Centenas de voluntários, dia após dia, enchendo papeis de furinhos que, juntos,
levam as letras, as histórias e o conhecimento aos cegos por meio de livros,
manuais, guias e poesias em Braille.

Fiquei tão fascinado com aquela iniciativa que


fiquei meses e meses falando

para todos que conhecia se sabiam que era possível facilitar a vida do povo que
não vê por meio do trabalho dos livros e audiolivros confeccionados na

Fundação Dorina Nowill
.

 uma vez vi dona Dorina “ao vivo”, de longe, em uma palestra. Era daquelas
pessoas que, quando falavam, os outros ficavam em silêncio absoluto, em
respeito, em homenagem, em admiração.

Mas minha história ficará sem um bom papo com dona Dorina e seu sorriso
cativante. Mas uma vez me disseram que ela gostava de mim, e isso me dá uma
alegria incrível.



A importância e dimensão da figura daquela
senhora era tão latente que ela ganhou o direito de 'rejuvenecer'! É!!! Dona
Dorina foi a inspiradora de "Dorinha", desenho em quadrinho do insuperável
Maurício de Sousa.



 


Nos quadrinhos, Dorinha mostra ao mundo
infantil que o povo que ‘puxa cachorro’ (ela arrasta o Radar
Rindo a toa)
é igual a toda a molecada, só precisando de alguns cuidados diferenciados!


 Se
eu não pude estar ao lado de dona Dorina, minha amiga


Ju Braga
 contou
um pouquinho mais sobre a energia, alegria e força que emanava dessa cativante
senhora.


“Após o meu
acidente, em que a cegueira foi a consequência, a Fundação Dorina, que à epoca
se chamava Fundação para o Livro do Cego, foi o primeiro lugar que tive contato,
de fato, com o mundo parelo.

Hoje,
passando a limpo toda a minha trajetória, vejo o quanto foi importante este
período que lá estive. Poderia ficar horas e horas contanto todo o bem que me
fez dona Dorina, mas quero render uma última homenagem dizendo apenas uma
palavra: Gratidão. Perdemos uma grande mulher, mas ganhamos uma bela memória.”




Pra mim, não há dúvidas de que cores das mais
distintas, luzes das mais diversas, brilhos dos mais escandalosos, tesouros dos
mais radiantes, caleidoscópios dos mais intrigantes hão de trabalhar a todo o
vapor para a chegada de dona Dorina a sua nova casa.


Por aqui, nos inspiremos na total visão que
dona Dorina deixou pela inclusão, pela igualdade, pelo direito de “todos juntos”
para tudo.

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