segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

São Vicente ganha playground para crianças especiais


playground criança cadeiranteSão Vicente ganhou, nesta quinta-feira, três brinquedos adaptados para crianças com necessidades especiais na Praça 22 de Janeiro, ao lado da Academia da Melhor Idade.
Os equipamentos passaram por vistoria do Conselho Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência Física de São Vicente (Condef), que avaliou e aprovou a liberação dos brinquedos para uso da comunidade.
O presidente da Codesavi, Marcio Papa, destaca que o projeto é uma extensão da academia que já existe no local. “Ao ver o sucesso da Academia da Terceira Idade, resolvemos ampliar a ideia, e chegamos às crianças portadoras de necessidades especiais. A partir de agora, elas podem brincar com segurança, como todas as outras crianças que frequentam a Praça”, explica.
Para o prefeito de São Vicente, Tercio Garcia, esta é uma oportunidade de reforçar a inclusão. “Estes equipamentos são de uso preferencial para os portadores de necessidades especiais, mas nada impede que outras crianças utilizem também. Inclusive, eles foram projetados para que ambas brinquem juntas”.
Fonte: Jornal a Tribuna

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Projeto prepara professores para o ensino de ciências em Libras

Material didático escasso e professores despreparados estão entre as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos surdos em sala de aula. Para atender a essa demanda, um projeto da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP) introduz docentes de ciências à Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) e estuda novas maneiras de levar o conhecimento aos estudantes. 

Coordenado pela professora do curso de Licenciatura em Ciências Naturais Valéria Cazetta e com monitoria do universitário Rafael Dias Silva, o projeto Libras: Um universo silencioso ensina gratuitamente a linguagem dos surdos aplicada ao ensino de ciências para professores e alunos da USP e da rede municipal e estadual de ensino de São Paulo. 

As aulas são divididas em duas etapas. A primeira, aberta à comunidade da USP Leste e região, serve de introdução à Libras e já capacitou cerca de 150 pessoas, entre professores da educação básica, funcionários e alunos da instituição e policiais. A segunda tem como objetivo preparar professores de ciências para dar aulas na linguagem dos sinais. 

Ainda que o profissional tenha a ajuda de um intérprete em sala de aula - o que é recomendado por especialistas -, ele deve dominar a linguagem de sinais. É o que afirma a coordenadora do projeto. "Em uma sala de ouvintes e surdos, o professor precisa compreender as necessidades dos dois grupos. Mesmo que ele seja auxiliado por outro profissional, deve saber a melhor maneira de se comunicar, além de conhecer as diferentes linguagens para o ensino", ressalta Valéria. 

Para a coordenadora, não basta apenas formar professores, mas também é preciso produzir e adaptar materiais didáticos tanto em português quanto em Libras. "Esse é um grande problema, porque simplesmente não existe material bilíngue para o ensino de ciências, geografia, história e outras áreas do conhecimento. O cuidado com a linguagem visual deve ser grande, pois a visualidade é primordial no aprendizado do surdo", diz. 

TRADUÇÃO SIMULTÂNEA
Ao lado da professora Verônica Marcela Guridi, da USP Leste, e da ONG Mais Diferenças, coordenada por Carla Mauch, Valéria tem pesquisado as principais carências da área. Nas reuniões de pesquisa, participam quatro ou cinco surdos e um intérprete em Libras formado em ciências. "Em uma de nossas reuniões, um biólogo ministrou um aula sobre corpo humano. A aula foi traduzida simultaneamente em Libras pelo intérprete formado em ciências. O professor lançou mão tanto do modelo do corpo humano em três dimensões, quanto de desenhos feitos na lousa. Os surdos interrompiam a aula a todo instante, porque a qualquer ‘ruído‘ na comunicação gestual do intérprete e na comunicação visual do professor que impedisse a compreensão daquilo que estava sendo ensinado, eles se manifestavam. Daí, notamos a importância de um grupo multidisciplinar", exemplifica.

Quando a sala de aula reúne ouvintes e surdos, as exigências são ainda maiores. E a professora alerta: as escolas não estão preparadas para atender a essas demandas. "Além de o professor dominar a linguagem de Libras, é importante que ele tenha um intérprete, pois está atendendo a dois públicos com necessidades diferentes. É difícil trabalhar neste contexto não convencional. A inclusão de pessoas com surdez na escola regular exige a busca de meios para beneficiar a participação e aprendizagem dos surdos tanto na sala de aula como no Atendimento Educacional Especializado", afirma. 

Agora, Valéria se dedica à pesquisa para produção de material didático bilíngue, em Libras e português. O curso de extensão sobre Libras nas Ciências seguirá com aulas gratuitas e abertas à comunidade. Informações sobre módulos e inscrição estão disponíveis no site www.librasnaciencia.com.br. 

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), em 2010, 71.283 alunos deficientes auditivos, surdos e portadores de surdez e cegueira estiveram matriculados na educação básica. Esse número se divide entre educação especial (escolas especializadas e turmas ou classes especiais no ensino regular) ou classes comuns, que reúnem estudantes ouvintes e surdos. Os números finais referentes a professores ainda não divulgados pelo instituto, mas dados preliminares apontam que, no ano passado, 25.847 profissionais ministravam aulas em classes especiais e escolas exclusivas, enquanto 694.350 se dedicavam a classes comuns de educação especial. Essas informações se referem a professores que trabalham com portadores de diversos tipos de deficiências - entre elas, a surdez. Até 2015, todos os cursos de licenciatura e pedagogia do Brasil serão obrigados a contratar um profissional de Libras, que auxiliará na formação dos futuros profissionais da docência da educação básica.

http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI5546794-EI8266,00.html